O Grupo Mateus S.A. divulgou novos esclarecimentos ao mercado após receber o Ofício nº 238/2025 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que pediu explicações a respeito de ajustes contábeis relacionados à valorização de estoques e ao custo das mercadorias vendidas (CMV), tema repercutido pelo Valor Econômico.
A companhia reforça que os ajustes já haviam sido apresentados no 3º ITR/25, no release de resultados e na apresentação pública realizada em 14 de novembro. Segundo o Grupo Mateus, as alterações decorrem da revisão e modernização dos processos internos, incluindo a adoção de um novo sistema de custeio mais robusto, automatizado e integrado.
Inventários e controles internos
Durante a apresentação de resultados, o Grupo Mateus ressaltou que os ajustes nos saldos comparativos não têm relação com falhas operacionais de inventário. Entretanto, destacou que paralelamente vêm sendo adotadas medidas adicionais de aprimoramento de controles, como:
- revisão dos procedimentos de inventário nas lojas;
- aumento da frequência de inventários físicos;
- melhoria de protocolos internos após episódios pontuais de furtos e desvios identificados em unidades específicas.
A empresa explica que essas ações fazem parte do processo contínuo de fortalecimento dos controles e não estão vinculadas aos ajustes contábeis que motivaram o ofício da CVM.
Hipóteses levantadas por terceiros
O Grupo Mateus também comentou especulações citadas pela reportagem, segundo as quais “atacadistas” ouvidos por jornalistas levantaram hipóteses sobre possíveis erros de apuração. Essas conjecturas, diz a companhia, envolvem dificuldades na valorização dos estoques, cálculo de impostos de entrada e bonificações da indústria.
A administração afirma desconhecer a origem dessas hipóteses e considera que elas não refletem práticas adotadas internamente, mas percepções externas sobre o setor.
Razões para os ajustes contábeis
A companhia reafirma que a revisão contábil, descrita detalhadamente na Nota Explicativa nº 3.1 do 3º ITR/25, promoveu melhorias estruturais nos processos financeiros e contábeis, proporcionando:
- maior rastreabilidade das origens dos custos;
- integração automática entre áreas contábil, fiscal e operacional, reduzindo inconsistências;
- padronização tributária conforme a legislação de cada estado;
- governança aprimorada nas informações e nos processos de conciliação.
Por que não foi divulgado como Fato Relevante
Atendendo ao questionamento da CVM, o Grupo Mateus explicou que as alterações não configuraram Fato Relevante porque:
- o impacto total dos ajustes — cerca de R$ 1,1 bilhão — representou 3,8% do ativo total originalmente divulgado para 31/12/2024;
- considerando o patrimônio líquido ajustado no período, o efeito foi equivalente a R$ 846,6 milhões, reposicionando o patrimônio líquido para R$ 10,2 bilhões até setembro de 2025;
- os ajustes não impactaram caixa, não alteraram posição de liquidez, nem provocaram descumprimento de cláusulas restritivas de financiamentos.
A empresa ressaltou ainda que os ajustes não produziram efeitos que pudessem comprometer seus negócios ou operações.
Conclusão
O Grupo Mateus conclui reafirmando que:
- os ajustes são resultado de evolução dos sistemas internos, não de irregularidades;
- as hipóteses citadas na imprensa não se baseiam em práticas da companhia;
- não houve impacto materiais que justificassem um Fato Relevante;
- as demonstrações foram devidamente reapresentadas conforme o CPC 23.
